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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Os cabelos grisalhos, o sorriso tímido e o jeito falante de uma formanda chamaram a atenção de quem estava na colação de grau de estudantes de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no último sábado. Almeri Moura Pereira, de 71 anos, se formou após cinco anos de curso, sem nenhuma reprovação e com o melhor índice acadêmico da turma. Ela pegou o diploma ao som de "Conquistando o Impossível", da cantora Jamilly.
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">- A formatura foi muito linda. Um momento esperado por todo mundo. A música que eu escolhi fala que todo mundo pode voar, pode aprender, pode ir pra frente. Eu só tinha assistido uma formatura na vida, e agora tive a oportunidade de fazer uma formatura minha - relata a formanda.
Aposentada, Almeri trabalhou como professora e telefonista no município de Sobradinho. Ela sempre teve vontade de voltar a estudar, e foi depois que conseguiu a aposentadoria que resolveu correr atrás do sonho. Em 2013, chegou a cursar dois semestres de Matemática na UFSM, mas teve dificuldades de adaptação, principalmente com as tecnologias. Então, trancou a faculdade e se matriculou em um curso de informática na cidade onde morava. Em 2015, prestou o vestibular novamente e começou a cursar Pedagogia.
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- Eu comecei a trabalhar como professora quando tinha 17 anos. Dei aula por cerca de 12 anos e virei telefonista. Trabalhava com alfabetização das crianças e era apaixonada por isso, por isso decidi fazer Pedagogia. Naquela época, não precisava ter muito estudo para ser professora. Bastava saber ler, escrever e ter um pouco de conhecimento - afirma.
Engana-se quem pensa que, agora, Almeri vai descansar. Mãe de duas filhas e avó de três netos, ela quer aproveitar a família, de quem sempre recebeu muito apoio, e ainda realizar mais um sonho: terminar o curso de Matemática, só que na modalidade a distância. Para o futuro, não descarta também uma especialização na área.
- Tenho tempo de sobra e muita vontade de aprender. Quando me despedi dos colegas e professores, já bateu uma vontade de voltar... A gente sempre tem mais o que aprender. Podemos ter 100 anos e ainda teremos coisas a aprender - conta.
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Foto: Pedro Piegas (Diário)
TCC ESCRITO À MÃO
Nos cinco anos de graduação, Almeri morou na Casa do Estudante da instituição, onde enfrentou o desafio de conviver com pessoas bem mais jovens..
- Eu, apesar da muita diferença de idade, sei respeitar e entender as pessoas. Sempre recebi muito apoio e respeito em troca também. Conviver com pessoas mais jovens traz um grande aprendizado - afirma.
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A idosa conta, ainda, que desenvolveu sua metodologia própria de estudos. Durante o trabalho de conclusão de curso (TCC), fez todas as anotações e esboços de textos à mão em cadernos. Depois, para fazer a entrega, digitou todo o trabalho no computador. Durante a pesquisa, Almeri estudou a inclusão de alunos surdos na UFSM e tirou nota 10.
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">MELHORES NOTAS
Entre os professores, Almeri é considerada um exemplo de superação. De acordo com a coordenadora do curso de Pedagogia diurno da UFSM, Jane Schumacher, a aluna pegou exame apenas duas vezes na faculdade e nunca reprovou em nenhuma disciplina.
- Ela vai ficar marcada nas nossas vidas. Todos os professores falavam coisas positivas dela. Nunca deixou de entregar um trabalho, e todos sempre bem feitos.
Nos corredores e nas salas de aula do Centro de Educação, vai ficar a saudade da aluna que virou amiga de todos:
- É uma alegria muito grande quando a gente vê uma pessoa tão dedicada correndo atrás dos seus sonhos, superando todas as dificuldades. Me sinto muito feliz em ver ela concretizando esse sonho - destaca a professora Kelly Werle.
*Colaborou Janaína Wille